22 Sep

 

REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE

 

-------------

 

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

 

INSTITUTO NACIONAL DO DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO

     

CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES PARA O ENSINO PRIMÁRIO

  

 

  

Módulo de: 

 

Prática Docente Reflexiva

 

UNIDADE 1

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Moçambique

 
 

 

  

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

Índice

  

Prefácio -----------------------------------------------------------------------------------------------

 

Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------

 

            Competências -----------------------------------------------------------------------------

 

Resultados de aprendizagem ----------------------------------------------------------

 

Visão geral dos conteúdos -------------------------------------------------------------

 

 

 

UNIDADE 1- Prática docente reflexiva versus prática docente repetitiva ----------                                             

 

Evidências requeridas da Unidade Temática ------------------------------------                                                                                   

 

            Lição 1- Explorando o significado de prática docente -------------------------

 

            Lição 2- Prática reflexiva: o que é e para quê? ----------------------------------

 

 

 
 

Prefácio

 

Caro Formador,

Tem nas suas mãos o Programa de Ensino para a formação de Professores do Ensino Primário, como resultado de um trabalho de consulta que envolveu os Técnicos Pedagógicos do MINED, Formadores das Instituições de Formação de Professores, Universidades Públicas do país e elementos da Sociedade Civil.

Este Programa contém competências que se encontram organizadas nos três domínios (pessoal e social; conhecimentos científicos e habilidades profissionais), resultados de aprendizagem, estratégias de ensino aprendizagem, visão geral dos temas do módulo, plano temático com as respectivas evidências e finalmente a bibliografia recomendada.

As orientações nele contidas constituem a base para a implementação, com sucesso, do novo modelo de formação de professores baseado em competências, cujo nível de entrada é a 10ª classe, dois anos de formação presencial e um ano de formação em exercício.

O presente programa de Formação de Professores para o Ensino Primário procura responder às exigências do novo Currículo do Ensino Primário, no que respeita à expansão da rede escolar e à elevação da qualidade de ensino, fornecendo professores com uma preparação profissional que os capacite a abraçar com sucesso a tarefa de educar o Homem moçambicano. Este propícia, também, a elevação da moçambicanidade, a promoção do patriotismo, respeito pela cultura nacional e outros valores que contribuem para que o futuro professor assuma uma postura irrepreensível na sociedade.

Pretende-se, pois, contribuir para a profissionalização da actividade docente, entendido como um processo de construção contínuo que começa na formação inicial e se desenvolve ao longo da carreira profissional.

O principal desafio é a formação de profissionais competentes, capazes de organizar e gerir situações complexas de aprendizagem, assegurando assim uma educação de sucesso para todos.

Caro formador, o sucesso deste programa depende da sua dedicação na interpretação correcta do que nele está preconizado. Assim, o Ministério da Educação apela a todos os Formadores para que tornem este documento, um instrumento que contribua para a elevação da qualidade da educação, reforço da moçambicanidade e combate à pobreza no país.

 

Augusto Jone Luís 

O Ministro da Educação

Introdução

O Módulo de Prática Docente Reflexiva assenta no pressuposto de que a construção de competências profissionais é um exercício desencadeado na formação inicial e que continua ao longo da vida laboral, baseando-se no questionamento permanente sobre o que se faz, como se faz e por que se faz, contrariando assim a visão de formação de um professor reprodutor de conhecimentos, ou um agente de implementação mecânica de decisões tomadas por outros a outros níveis.

Com este Módulo, pretende-se dotar o formando de saberes que lhe permitam ser capaz de inovar e de enfrentar a complexidade de situações, tomando a sala de aula, não só como o palco do processo de ensino-aprendizagem, mas também como um lugar de pesquisa, rico em fenómenos para estudar, experimentar e seleccionar as opções que se revelem bem sucedidas e assim melhorar a qualidade de ensino. Para o efeito, afiguram-se, como ferramentas essenciais, o domínio de técnicas básicas de pesquisa-acção, orientadas para a identificação e solução de problemas de aprendizagem no Ensino Primário.

Competências

Promove o espírito patriótico, a cidadania responsável e democrática, os valores universais e os direitos da criança;

Comunica adequadamente, em vários contextos;

Age de acordo com os princípios éticos e deontológicos associados à profissão docente.

Demonstra domínio dos conhecimentos científicos do ensino primário;

Demonstra domínio dos conhecimentos das Ciências da Educação, relacionados com o ensino primário.

Planifica e medeia o processo de ensino-aprendizagem de modo criativo, reflexivo e autónomo;

Avalia necessidades, interesses e progressos dos alunos, adaptando o processo de ensino-aprendizagem à sua individualidade e ao contexto;

Desenvolve e utiliza estratégias e recursos didácticos estimulantes para situações concretas de aprendizagem;

Promove o auto-desenvolvimento profissional e envolve-se num trabalho cooperativo, colaborativo e articulado.

Resultados de aprendizagem:

Utilizar técnicas básicas de pesquisa-acção, na identificação de boas práticas e de problemas do ensino-aprendizagem;

Planificar acções de intervenção inovadoras, na solução de problemas de ensino-aprendizagem;

Apresentar estudos de caso, demonstrando domínio das técnicas básicas de pesquisa-acção e dos saberes teóricos e práticos que o sustentam;

Utilizar as TICs e as tecnologias educativas, para acesso à informação;

Fazer intervenções fundamentadas em saberes adquiridos.

Segue-se a visão geral dos conteúdos, onde você vai ter em mente o itinerário de aprendizagem conforme os conteúdos temáticos que foram selecionados para si, contando que eles sejam úteis para o seu trabalho como professor.


Visão Geral dos conteúdos

Unidade temática
CONTEÚDOS
Evidências requeridas
 
Tempo
1ª Unidade: Prática docente reflexiva versus prática docente repetitiva ou reprodutiva
Significado de prática docente
Prática docente reflexiva: o que é?, para quê?
Elabora uma reflexão crítica analisando um caso de uma prática inovadora de um professor (disciplina).
Apresenta uma avaliação das possibilidades e dificuldades de desenvolvimento de prática docente reflexiva (cultura de diário reflexivo).

 

4 horas

2ª Unidade: O processo de ensino-aprendizagem: cerne da prática reflexiva
O processo de ensino-aprendizagem e as categorias didácticas como base de reflexão
Apresenta uma experiência de prática reflexiva desenvolvida a partir das categorias – os resultados da experimentação.

8 horas

3ª Unidade: Prática reflexiva assente na pesquisa no ensino e no desempenho dos intervenientes do Processo de Ensino-Aprendizagem
Prática reflexiva e pesquisa no ensino
Reflexão sobre o trabalho e colaboração dos intervenientes no PEA
Apresentação de uma experiência de prática reflexiva conjunta com actores escolares

8 horas

4ª Unidade: Um olhar holístico (eco-sistémico) da realidade escolar – buscando uma base de/ para reflexão.
Reflexão sobre a realidade educacional (contexto e situação pedagógica de ensino)
Uma avaliação/ análise crítica sobre espaço escolar apropriado à prática reflexiva

6 horas

5ª Unidade: Prática reflexiva e visão/ prática transformadora do ensino – atitudes necessárias
Prática reflexiva e prática pedagógica transformadora: atitudes necessárias
Apresentação de um relatório sobre atitudes favoráveis à prática reflexiva no seio dos professores da escola.

6 horas


32 horas


Unidade nº 01

Título da Unidade: Prática docente reflexiva versus prática docente repetitiva

Duração da Unidade: 

  

Para o estudo desta Unidade está previsto um tempo (mínimo) de 4 horas que você, caro Formando, deverá despender para o seu estudo. Por isso, cabe a si planificar adequadamente as actividades que vai desenvolver, sobretudo as que estão sugeridas nesta Unidade.

 

Você pode contar com apoio de colegas e dos seus Formadores, que estão à sua disposição. Se houver condições, nomeadamente acervo bibliográfico, é outra fonte de apoio para o aprofundamento dos conteúdos e das actividades/ tarefas que lhe são sugeridas.

 

Vamos aprender a aprender!

  

Introdução da Unidade Temática:

 

 

 

O processo de ensino-aprendizagem vem sofrendo influência de vários factores, alguns deles contribuindo positivamente, e outros afectando de forma significativa o processo. Nos dias de hoje, os factores que afectam o ensino-aprendizagem tendem a pesar mais sobre os que contribuem positivamente. Quando se promovem iniciativas para buscar as causas, os progressos ou os resultados não têm sido satisfatórios na perspectiva de melhorar a qualidade de ensino/ educação.

 

Os professores parecem estar resignados. Eles vêem-se no limite das suas capacidades para encontrar as soluções que o ensino-aprendizagem impõe. Algumas vezes, a busca da resposta ao questionamento dos maus resultados dos sistemas de educação resulta na acusação recíproca entre pais, professores, e outros intervenientes no processo de ensino-aprendizagem.

 

As respostas aos problemas de ensino-aprendizagem não serão encontradas no exercício fácil de advinha, senão através de um trabalho profundo dos professores como profissionais de educação e sujeitos responsáveis por uma boa parte do que se realiza, pelo menos ao nível da escola e da sala de aula. Com esta visão, pretendemos mostrar o por que deste Módulo, em geral, e desta primeira Unidade introdutória, em particular.

 

Por isso, sugerimos ao caro Formando duas lições que constituem a Unidade 1: a primeira lição leva-nos a revisitar o significado de prática docente, e segunda para nos introduzir na prática reflexiva.

 

Então, vamos começar o nosso itinerário, esperando que você, caro Formando, descubra os segredos e exigências da profissão docente que, ora começa a abraçar.

  

 

 

 Evidências Requeridas da Unidade Temática: 

 
Elabora reflexões críticas, avaliando as práticas docentes vigentes no contexto escolar concreto em que o formando (futuro) professor trabalha.
Apresenta uma avaliação, diagnosticando as possibilidades, as tendências dos professores que aspiram a profissionais reflexivos ou bons professores.
 

Lição nº1

 

Título:Explorando o significado de prática docente

  

Introdução à lição:

 

O professor como qualquer profissional tem a função e responsabilidade de realizar as suas obrigações traduzidas em tarefas concretas do dia-a-dia. O professor como profissional de ensino/ educação tem o seu dia-a-dia preenchido por muitas obrigações e realizações, algumas de âmbito geral da escola, da comunidade, e, outras de âmbito muito particular da sala de aula. É neste último âmbito que concentraremos a nossa atenção especial por ser a fase de concretização de toda a planificação visando a formação dos alunos. Por isso, chamamos a sala de aula como “oficina”.

  

Tópicos 

 

 

 

 

Unidade: Prática docente reflexiva versus prática docente repetitiva
Lição 1: Explorando o significado de prática docente 

Lição 2: Prática reflexiva: o que é, para que e como se procede?

   

Visão geral sobre o significado de prática docente reflexiva

  

Parece de pouco valor introduzir essa reflexão, já que o nosso tema e Módulo centram-se nesse termo-chave hoje na formação de professores. A preocupação tem a ver com o facto de determinados professores realizarem o seu trabalho sem muito hábito de reflexão. Voltaremos falar deste aspecto de hábito de reflexão na lição n° 2, mas é importante desde já destacar a necessidade de trazer o tema (da lição n° 1) que nos é proposto.

 

Precisamos de reflectir/ questionar aqueles professores que, não tendo ou desenvolvendo o hábito de reflexão, realizam o seu trabalho inspirando-se num modelo às vezes não recomendado. A discussão, como a seguir se pretende demonstrar, deve trazer o questionamento de determinadas práticas, sobretudo aquelas que são “cópias” de situações vividas, independentemente de serem boas ou não.

 

Com essa pequena introdução, você, caro Formando, deve já estar a imaginar o que acontece com alguns colegas?

   

Explorando o significado de prática docente

  

A reflexão em torno do significado de prática docente remete-nos a termos, tais como: o agir, o fazer e ser, a realização da missão do professor. Portanto, o que caracteriza esse agir, fazer e ser, por exemplo, é a sua natureza pedagógica.

 

À partida, a natureza pedagógica do agir, do fazer e do ser associada ao facto de ser também docente (do professor) já indica um certo rigor e compromisso por parte de quem actua ou realiza a sua tarefa. O agir, o fazer e o ser, bem como o realizar, caracteriza uma certa postura pois deve ser expressão de quem cumpre uma missão. Cumpre-se a missão quando tudo o que se faz guia-se pela necessidade de ver realizado um dever e uma função.

 

Quantos professores estarão, de facto, a cumprir uma missão e vêem-se obrigados a assumir uma postura verdadeiramente profissional enquanto agem, realizam e fazem o seu trabalho?

 

Devemos recordá-lo, caro Formando, que a postura de que falamos seria a expressão do ser. Quer dizer, no agir, no fazer, no realizar manifestam-se determinadas qualidades, valores, condutas que são típicas de professor.

 

Então, o que você está a compreender, e o que podemos ainda comentar sobre o assunto em discussão, que é a prática docente?

 
  • Trata-se de exercício sistemático da actividade docente enquanto forma e expressão da sua missão;
  • Pode-se ainda tomar a prática docente como a realização do ensino/ educação pelo professor que tem maior expressão e peso nos seguintes momentos: de organização/preparação, de realização e de avaliação (Veiga, 2005, p.78) do processo de ensino-aprendizagem.
 

Muitas vezes, a rotina das actividades do professor está sempre em torno desses momentos de organização/ preparação, realização e avaliação dos resultados do processo de ensino-aprendizagem, incluindo as condições e factores que influenciam esse processo. Quando falamos em rotina, não se confunda com o exercício mecânico dessas actividades, pelo contrário, refere-se a um ciclo de realizações com certo dinamismo; se assim não acontece a prática deixa de ter interesse e novidade. Quando se atinge esse extremo de trabalho sem interesse e novidade já não mais se fala de prática como aqui é tratada, mas sim de praticismo. Que situações são do seu conhecimento?

 

É por essa razão que ao trazermos este tema para o Módulo e, muito particularmente para a Unidade do Módulo, é por considerarmos importante a prática docente, não por ser um simples exercício mecânico que caracteriza o dia-a-dia do professor, mas pelo valor que ela representa para o sucesso do ensino-aprendizagem através da dinâmica que proporciona ao processo.

 

Podemos ilustrar essa dinâmica com ajuda do esquema abaixo, que é concebido para ajudá-lo a interpretar o que estamos a dizer.

  

Esquema 1- Dinâmica da actuação reflexiva do professor

 



        

A dinâmica opera-se entre os momentos A; B; C, e nessa altura o professor na qualidade de sujeito da prática em discussão vai construindo experiências à medida que vai actuando. A interacção entre os momentos A e B, representada pelo número 1, assinala a actuação do professor como sujeito da prática, o mesmo na passagem do momento B para C. O que é importante sublinhar é o facto de nesses intervalos estar a acontecer um facto interessante: a construção de uma prática que se ajusta continuamente às condições reais. Mas é preciso estar atento aos acontecimentos e fenómenos que vão surgindo. Portanto, tudo associa-se à capacidade e à necessidade de tomar decisões, alterar percursos inicialmente previstos com base na leitura da realidade vivida.

 

A partir de agora você, caro Formando, pode imaginar o que fazem ou como procedem alguns colegas em relação à organização/ preparação do seu ensino? O mesmo em relação à realização e avaliação?

 

Outra forma de colocar a questão é: será que se regista alguma evolução ou melhoria no dia-a-dia ao longo da sua carreira profissional?

 

Alguns exemplos e factos que você pode analisá-los a partir desta pequena introdução são as programações feitas na sua escola nos últimos dois a três anos, para verificar o que é mudou; outro dado importante, são as provas desse mesmo período para verificar a melhoria em termos de elaboração a partir dos resultados obtidos; e finalmente, procure observar os apontamentos de alunos que passaram pelo mesmo professor.

 

Resumindo, o nosso objectivo de propor a reflexão em torno do significado de prática docente é mais para mostrar o seu carácter dinâmico, e não estático, porque deve trazer transformações para o ensino-aprendizagem, para o desenvolvimento do próprio professor e dos seus alunos. Este aspecto é retomado e aprofundado na lição n° 2.

  

Tarefas 

 

Caro Formando, depois de você explorar o pequeno texto deve estar a relacionar o conteúdo da lição 1 desta Unidade 1 com determinadas realidades, ou seja, determinadas formas de actuação de alguns professores.

 

Este é o momento de questionamento dessas realidades (vividas) a partir do conteúdo estudo, que é praticamente a visão teórica que foi proporcionada a si. Então, siga as questões que são propostas, e a partir delas analise algumas práticas de seus colegas.

 
  1. Qual tem sido a tendência (de alguns) dos professores no dia-a-dia de planificação/ organização, realização e avaliação do processo de ensino-aprendizagem? Analise um caso à escolha, respondendo às questões abaixo.
 

Será que se nota alguma mudança, ou os procedimentos caem sempre na mesma rotina?

 

Em caso de alguma mudança, haverá justificação de por que?

 

NB (instrução):                   Para realizar a tarefa pode usar como recurso/ fonte os materiais dos alunos, nomeadamente apontamentos, cadernos de exercícios e materiais do professor (planos de aula, exercícios de aplicação…). Verifique os procedimentos frequentes, o que muda de aula para aula (na planificação, na realização da aula, na avaliação).

 

                                                Em seguida, mantenha conversa (entrevista) com o (s) respectivo (s) professor (es), procurando explorar a razão de mudar, variar ou não as rotinas. Se der observe algumas aulas, no fim de cada aula observada, mantenha diálogo com o professor para saber o por que agiu de certo modo em diferentes momentos.

 

                                                A informação obtida é a base de resolução da sua tarefa.

 

Parâmetros de correcção  

 
  • Estrutura da resposta e construção lógica da análise a partir dos factos (indícios) recolhidos;
  • Exemplificação das situações ao apresentar as tendências do caso analisado/ estudado da prática pedagógica dinâmica ou repetitiva.
  

Referências bibliográficas

 

Valente, Geilsa S. C./ Viana, Ligia O. Da formação por competências à prática reflexiva – In: http://www.rieoei.org/deloslectores/2423Valente.pdf [acesso: 29.04.13].

 

Veiga, Ilma Passos A. A prática pedagógica do professor de didática, 9. Ed., Campinas, São Paulo, Papirus, 2005.

 

Lição nº2

 

Título:  Prática reflexiva: o que é e para quê?

  

Introdução à lição:

 

Na lição anterior, além dos subsídios que lhe trouxemos, você, caro Formando, realizou algumas actividades que esperamos terem sido importantes para compreender o assunto em análise, sobretudo o significado em termos práticos.

 

A lição n° 2 a seguir é continuidade da primeira, e nela pretende-se discutir aspectos, tais como: o que é uma prática reflexiva? Para quê?

 

Vamos prosseguir, mais subsídios você terá para analisar a realidade da sua escola e do seu próprio trabalho.

 

Tópicos 

 
Unidade: Prática docente reflexiva versus prática docente repetitiva
Lição 1: Explorando o significado de prática docente

Lição 2: Prática reflexiva: o que é e para que? Como se procede?

   

Prática reflexiva, o que é?

  

Quando analisamos a prática docente na lição n° 1, inclusive as tarefas/ actividades que você realizou pode ter constatado em algumas situações pouca evolução ou mudança no trabalho desenvolvido pelos professores ao longo de anos, por exemplo, no intervalo/ período de dois a três anos sugeridos na lição anterior.

 

Ao propormos prática reflexiva é em oposição a uma prática repetitiva ou reprodutiva. Durante anos muitos professores passam a vida inteira a transmitir taxativamente a mesma informação sem registar progressos, nem inovações. Conforme o esquema 1 apresentado na lição 1, o professor depois de prever como vai proceder ou agir, no momento de realização poderá mudar estratégias, assim por diante nos momentos subsequentes. Mas isso não acontecerá por mero prazer, nem por acaso. Resulta de uma avaliação constante que acompanha o processo.

 

É com base nessa avaliação que o professor se assume reflexivo, e, por isso:

 

faz automaticamente uma ruptura com a prática passiva, aquela em que o professor age conformado com o texto ou material que lhe é sugerido; nada pode mudar mesmo que isso se revele pertinente em determinadas situações.

 

desenvolve uma prática reflexiva e uma atitude crítica, porque analisa a realidade, toma decisões com base nos factos.

 

Talvez seja importante voltar ao significado de reflexão para melhor compreendermos o tema em análise, que é prática reflexiva. Quando há pouco referimos a necessidade de ruptura com a prática passiva, isso mostra a diferença entre duas posturas: numa em que o professor parece agir sem consciência no lugar, e noutra em que o trabalho é sempre acompanhado de tomada de consciência da situação.

 

Qualquer prática está sujeita a várias influências, o que implica a confrontação com problemas de vária ordem no decurso do processo de ensino-aprendizagem. São situações que sugerem e impõem ao professor a necessidade de raciocinar, analisar e, por fim, solucionar esses problemas.

 

Como se chega a ser professor reflexivo, ou profissional que desenvolve uma prática reflexiva?

 

Não é fácil, mas recomenda-se que todos sejamos professores reflexivos para ensinar nos dias de hoje. Razões são várias, entre as quais as mudanças rápidas que se operam na sociedade, a diversidade de condições onde se ensina, e, consequentemente, muitos factores afectam o ensino-aprendizagem.

 

Você já pensou que percurso para se alcançar o nível de professor reflexivo, ou com competências para reflectir sobre a sua acção?

 

A Unidade 5 deste Módulo foi exactamente proposta a pensar na necessidade de aprofundar alguns aspectos básicos para se cultivar a prática reflexiva, mas neste momento em que iniciamos o exercício de reflexão sobre a prática reflexiva, importa destacar (por enquanto) os seguintes aspectos:

 
  • É preciso desenvolver a prática e o hábito de pensar a prática (Paulo Freire, citado por Veiga, 2005, p.10).
  • É preciso cultivar o aprender através do fazer.
 

Que significado têm esses aspectos para nós como professores cuja obrigação é sermos reflexivos?

 

O primeiro aspecto – desenvolver a prática e o hábito de pensar a prática – vem chamar a nossa atenção em relação ao sentido de PRÁTICA (PRÁXIS), que combina e articula dois momentos estritamente indissociáveis, nomeadamente: acção – reflexão. O bom profissional, como professor, sempre que leve a cabo uma determinada acção é preciso avaliar o decurso da acção, a sua realização e os seus resultados. Por exemplo, depois de uma aula, o que deveríamos fazer?

 

O segundo aspecto – aprender através do fazer – é mais um exemplo de que um bom professor constrói a sua experiência ao longo dos anos de serviço. O significado de experiência profissional é síntese de uma prática reflexiva. Quantos professores aprendem da experiência de facto?

  

Prática reflexiva, para quê?, e como de procede?

  

Para alguns professores, o fim da formação inicial parece marcar também o fim da aprendizagem. O lema actual em todos os domínios do conhecimento e técnico é aprendizagem ao longo da vida, e se há determinados sectores que mais exigem isso, entre eles está o sector de educação.

 

A nossa formação inicial, como a que você, caro Formando está a terminar, tem seguimento através de formação contínua e/ou em exercício. Essa formação poderá acontecer com ajuda da escola e dos colegas do seu grupo de disciplina (de classe), mas nunca você deve esquecer a grande responsabilidade individual para garantir essa formação contínua. Neste caso, ela é garantida pela prática reflexiva. Por exemplo:

 
  • Tem de questionar o saber fazer em relação ao saber dizer (Lourenço Filho, 2001, p.54);
  • Identificar o saber experimentado bem sucedido
 

No que diz respeito ao questionar o saber fazer em relação ao saber dizer, primeiro está o problema de interpretação, e segundo, a questão de pôr em prática o que se diz. Geralmente tem se notado uma diferença enorme; um exemplo concreto é o que se diz em relação ao ensino centrado no aluno e o que de facto se materializa. Você já teve a oportunidade de observar? Qual é a situação e o seu comentário?

 

Quanto ao identificar o saber experimentado bem sucedido, isso implica que o professor tenha a cultura de registo das suas experiências desenvolvidas no âmbito de ensino. Uma cultura que não está a ser fácil desenvolver no seio dos professores é o uso do diário reflexivo. Você pode experimentar? Força!

 

Só desse modo você estará a continuar a formar-se, procurando reconhecer continuamente o seu percurso profissional, as suas necessidades, as dificuldades, o desempenho não à altura das exigências.

 

Retomando o tópico na nossa lição que é: para quê a prática reflexiva, há uma série de razões.

 

A primeira razão porque o professor deve ser um eterno aprendiz e cultivar as qualidades de um bom professor e educador. A segunda razão, associada à primeira, é a necessidade de aprender a ser professor ou tornar-se professor, buscando sempre a postura que o dignifique como profissional e não simples executante do trabalho planificado pelos outros.

 

A terceira razão tem a ver com a necessidade de sempre reflectir sobre o ser professor. Isso é uma das condições para o comprometimento do professor e ele procurará não só a auto-realização, mas também o auto-desenvolvimento e auto-afirmação através de competências e performance no seu desempenho.

 

O ser professor concretiza-se e realiza-se quando há sempre um esforço que se traduz (no ciclo):

 

Esquema 2 – Ciclo da prática reflexiva na construção do Ser Professor

  



      

 

 

Com base: Ferreira - http://www.bocc.ubi.pt/pag/felz-jorge-reflexoes-sobre-ser-professor.html [acesso: 23.10.13]

  

Tarefas 

 

Caro Formando, depois de você explorar o pequeno texto deve estar a relacionar o conteúdo da lição 2 desta Unidade 1 pode ter começado a reflectir sobre quem são, de facto, os professores ao serviço da sua escola, se são verdadeiros profissionais ou não!

 

Então, sugerimos-lhe a seguinte tarefa:

 

Analise a tendência de alguns professores da sua escola que, pelo menos, aspiram a profissionais, ou melhor, trabalham para se tornar bons professores a partir da sua prática reflexiva. Analise 3 a 4 casos, à escolha.

  

NB (instrução):                   Você pode optar pelas seguintes alternativas: (a) analisar os planos analíticos de professores de uma classe ou grupo de disciplina, (b) entrevistar professores “experientes” para compreender o seu percurso de desenvolvimento profissional.

 

Na primeira opção – análise dos planos analíticos

 

- A partir dos planos analíticos dos últimos 2 a 3 anos, procure identificar as mudanças operadas e as razões que as ditaram.

 

- Ou analisando os planos de aula dos professores escolhidos, procure identificar os aspectos novos introduzidos, e procure saber as razões ou as experiências adquiridas por eles.

 

- Ainda, você pode observar se há algumas anotações, que nos planos de aula, quer nos planos analíticos.

 

Na segunda opção – entrevista a professores

 

A fase de entrevista pode cruzar a primeira opção, por exemplo, conversando com professores para saber o que ditou a elaboração dos planos do jeito como foram concebidos, as razões, o que daria para mudar…

 

A entrevista para esta segunda opção, aconselha-se-lhe, caro Formando, que seja em torno de:

 

- Que experiência adquirida do ano lectivo que, ora finda, serve de base para melhorar o trabalho pedagógico do novo ano lectivo. Ou que experiências vem desenvolvendo, citando alguns exemplos.

 

- Que experiências estão previstas para experimentar no novo ano lectivo…

  

Parâmetros de correcção  

 
  • Estrutura da resposta e construção lógica da análise a partir dos factos (indícios) recolhidos através de análise de documentos (de planificação analítica e das aulas);
  • Capacidade de sistematização das respostas e dados para analisar a tendência de desenvolvimento profissional dos professores a partir de experiências e relatos da prática reflexiva.
     

Resumo da Unidade: 

 

Com estudo da Unidade seguida de momento de realização de tarefas práticas (de aplicação), você compreende que:

 

A prática docente reflexiva opõe-se à prática repetitiva, rotineira e passiva do professor;

 

A prática docente reflexiva tem a ver com a postura (atitude) do professor que deseja tornar-se profissional, comprometido com a sua missão de educador e formador dos alunos;

 

Portanto, é preciso aspirar a professor profissional ou bom professor para se ver na obrigação de ser reflexivo;

 

Só se alcança o nível de professor profissional, portanto, reflexivo quando se questiona a prática, o trabalho do dia-a-dia, desde a planificação feita até o desenvolvimento das aulas, com atitude de busca de resposta aos problemas vividos.

  

Referências bibliográficas

 

Ferreira, Jorge Carlos FelzReflexões sobre o ser professor: a construção de um professor intelectual – In: http://www.bocc.ubi.pt/pag/felz-jorge-reflexoes-sobre-ser-professor.html [acesso:23.10.13].

 

Lourenço Filho, Manoel B. A formação de professores: da Escola Normal à Escola de Educação, Brasília, Inep/ MEC, 2001.

 

Veiga, Ilma Passos A. A prática pedagógica do professor de didática, 9. Ed., Campinas, São Paulo, Papirus, 2005

 
 

Unidade nº 02

 

Título da Unidade: O Processo de ensino-aprendizagem: cerne da prática reflexiva

 

Duração da Unidade: 

  

Para o estudo desta Unidade está previsto um tempo (mínimo) de 8 horas que você, caro Formando, deverá despender para o seu estudo. Por isso, cabe a si planificar adequadamente as actividades que vai desenvolver, sobretudo as que estão sugeridas nesta Unidade.

 

Você pode contar com apoio de colegas e dos seus Formadores, que estão à sua disposição. Se houver condições, nom0eadamente acervo bibliográfico, é outra fonte de apoio para o aprofundamento dos conteúdos e das actividades/ tarefas que lhe são sugeridas.

 

Vamos aprender a aprender!

  

Introdução da Unidade Temática:

 

 

 

A nossa Unidade 2 toma o processo de ensino-aprendizagem como o cerne (palco) da prática docente reflexiva. No início deste Módulo começamos por apresentar a dimensão da prática docente. Primeiro, procuramos mostrar que a prática docente (pedagógica) inclui todo o trabalho do professor ao nível da escola e da comunidade; em segundo lugar, destacamos o nível mais restrito do trabalho realizado na sala de aula.

 

Recorremos ao termo cerne para melhor ilustrar que o processo de ensino-aprendizagem é o aspecto fulcral, senão o campo de uma boa parte do trabalho docente. É o campo onde maior parte do tempo é dedicado, incluindo o que o professor não consegue realizar no recinto escolar, portanto, que leva consigo para terminar em casa. É o caso de testes ou provas que corrige em casa. Muitos outros exemplos por si conhecidos.

 

Mesmo o que não parece estar directamente ligado ao ensino-aprendizagem acaba desaguando nesse processo. Há fenómenos que acontecem, o nosso questionamento está associado à preocupação de isso não afectar o ensino, sobretudo a aprendizagem. É por essa razão que nas Unidades 3 e 4 procuramos ampliar a visão do professor no sentido de ele ter maior alcance sobre o que afecta o processo de ensino-aprendizagem.

 

Neste momento a nossa atenção centra-se no processo de ensino-aprendizagem como cerne da prática docente reflexiva. Já terá imaginado, caro Formando, quantos e quais aspectos serão analisados?

 

Em primeiro lugar, o termo processo sugere muitos aspectos envolvidos no ensino e na aprendizagem, e eles deverão ser necessariamente objecto de análise pelo professor. Não se pode de forma alguma isolar os factores que interferem no trabalho pedagógico, tanto no sentido amplo como no sentido restrito.

 

Em segundo lugar, os processos básicos, nomeadamente o ensinar e o aprender, serão sempre objecto de questionamento e são eles que suscitam soluções urgentes. Além desses processos básicos devemos incluir os métodos, as estratégias, os meios/ recursos, os conteúdos e os objectivos. Todos esses elementos – ensinar, aprender, métodos, objectivos, conteúdos, meios/ recursos – são também conhecidos por categorias didácticas.

 

Portanto, cada uma destas categorias é e deve ser objecto de questionamento no processo de ensino-aprendizagem, ou seja, objecto de reflexão em cada aula dada e orientada. Vamos prosseguir, você chegará à conclusão de porquê pensamos desta maneira.

 

 

 

 

 

 Evidências Requeridas da Unidade Temática: 

 
Apresenta uma experiência da prática reflexiva desenvolvida a partir das categorias didácticas, bem como dos resultados da experimentação.
 
 

Lição nº1

 

Título:O por que do processo de ensino-aprendizagem ser cerne da prática docente reflexiva

 

Introdução à lição:

 

Quando se planifica o processo de ensino-aprendizagem há muita coisa ainda imprevisível, muito embora nessa altura se inicie o exercício de reflexão para avaliar as condições concretas. Primeiro, devemos reflectir sobre a aula anterior, por exemplo. O momento seguinte, o de realização, fornece muito mais informações que ajudam o professor a reflectir sobre o seu trabalho; é o momento em que muitos aspectos serão analisados e questionados, incluindo as decisões tomadas na altura de planificação.

 

Nesta Unidade e lição, discutiremos em torno de reflexão-na-acção, sobre a acção e sobre a acção na acção. No momento em que você, caro Formando estiver a explorar esses assuntos, retorne sempre ao esquema 1, da lição 1 da Unidade 1. Mais uma vez, mostra-se que a reflexão deve estar presente em diferentes momentos de planificação/ organização, realização e avaliação do processo de ensino-aprendizagem.

 

Vamos ao assunto!

     

Tópicos 

 

 

 
Unidade: 02 – O Processo de Ensino-Aprendizagem: cerne da prática docente reflexiva
Lição 1: O por que do processo de ensino-aprendizagem ser cerne da prática docente reflexiva 

   

Visão geral da reflexão sobre o processo de ensino-aprendizagem como cerne da prática docente reflexiva

  

O processo de ensino-aprendizagem concretiza-se na sala de aula, ou simplesmente através da aula; a aula neste sentido constitui uma das formas de organização do processo. A sala de aula é considerada o micro-ambiente educativo: espaço onde os objectivos começam a ser trabalhados de forma organizada e sistemática. É nesse espaço onde tudo se experimenta, se avalia, se redefine e se decide. A sala de aula é um verdadeiro “laboratório” ou oficina onde se produz o conhecimento e se constroem as aprendizagens.

 

Para ser uma verdadeira oficina ou laboratório, a aula deve ser organizada de forma a privilegiar a actuação dos seus actores (intervenientes directos): professor e alunos. Sendo assim, muitos fenómenos serão observados, nomeadamente: conhecimentos, capacidades, atitudes, convicções, hábitos, crenças. Também dificuldades e problemas serão vividos e experimentados, quer pelo professor, quer pelos alunos. Tudo isto coloca desafios, sobretudo ao professor.

 

Você pensa que todos os professores encaram o processo desta maneira? Este é o problema que devemos discutir nos passos seguintes. Por que?

   

O processo de ensino-aprendizagem e as categorias didácticas como base de reflexão

  

Na nota introdutória à Unidade 2 e à lição, referimos a sala de aula como espaço de acontecimentos que devem ser objecto de análise/ reflexão por parte do professor. Isso é o que devia acontecer. Porque reconhecemos a dificuldade que muitos professores têm tido, sugerimos este tema para ser nosso objecto de reflexão, esperando que você seja promotor da prática reflexiva a partir do seu trabalho na sala de aula com os seus alunos (turma).

 

O que tem acontecido na prática?

 

Para alguns professores o significado de “dar aula” é mesmo para ignorar tantos fenómenos e acontecimentos que caracterizam o ambiente da sala de aula, incluindo ao que afectam o desenrolar as actividades. Os alunos, por seu turno, entendem que “assistir à aula” é estar a escutar passivamente o professor a expor a matéria. Para ambas posturas, tanto do professor como dos alunos, há implicações didácticas muito sérias e graves:

 
  • maior concentração do professor no conteúdo que transmite do que nos fenómenos decorrentes do processo, um dos quais são as dificuldades dos alunos;
  • mais actividade de transcrever (copiar) os apontamentos do que de analisar, reflectir, participar, questionar, discutir ou promover debates…
 

Neste tipo de procedimentos não há espaço para reflexão, tudo acontece de forma linear e sequencial, ou seja, uma aula após outra, um teste a seguir o outro, um TPC se junta a tantos outros não corrigidos, uma tarefa depois da outra não analisada, nem aprofundada, uma dificuldade do aluno ou da turma inteira passa despercebida.

 

Desse modo, o espaço chamado sala de aula deixa de ser oficina; acima de tudo deixa de ser um ambiente dinâmico, de diálogo e de interacção. A sala de aula transforma-se num espaço “morto”, sem vida, cansativo, aborrecido e sonolento. Quantos alunos não adormecem na aula enquanto o professor está entretido na sua “bela” explanação?

 

A sala de aula que proporciona a reflexão satisfaz os seguintes requisitos:

 
  1. há um interesse dos seus actores (intervenientes) em partilhar as histórias de vida, as experiências, os conhecimentos, mas o promotor principal é o professor;
  2. há um envolvimento nas actividades e, por isso, os intervenientes participam, expõem as suas ideias, colocam os seus pontos de vista;
  3. há um esforço de compreensão mútua, e todos esperam receber apoio ou ajuda oportuna quando necessário;
  4. há espaço de questionamento e de experimentação, e cada um está ciente do que faz e do que acontece.
 

Observando estes aspectos, cria-se espaço para reflexão-na-acção. Os momentos intercalados dos que intervêm e dos que escutam, os momentos intercalados entre a orientação das tarefas e a sua realização, é precisamente o que permite criar um espaço para reflexão-na-acção; são os sujeitos que pensam enquanto actuam, evitando que determinadas acções aconteçam cegamente, evitando que alguns aspectos importantes escapem à observação e o devido tratamento ou atendimento pelos intervenientes. Nessa altura a aula está a acontecer e nada impede que alguns procedimentos estejam a ser melhorados e até corrigidos ou preteridos. Tudo depende das condições e da realidade que se manifesta.

 

Nessa altura em que o agir e o pensar se misturam, há espaço para reflectir sobre:

 
  1. o próprio processo: o que está a oferecer obstáculos ou está a contribuir positivamente, o que facilita e optimiza a realização das actividades, se foram afastados os factores constrangedores ou distractores;
  2. as estratégias, os métodos: se eles estão a garantir a participação dos alunos e o alcance dos objectivos;
  3. os objectivos: se foram bem definidos, e o ponto de partida para a sua concretização foi devidamente avaliado, se não foram ignorados os pré-requisitos (conhecimento, atitudes, capacidades de base), se não há algumas necessidades que devem ser acauteladas antes de prosseguir a lição;
  4. os meios ou recursos: se eles foram bem seleccionados tendo em conta a necessidade de tornarem o ensino e aprendizagem mais eficazes, se permitem alcançar os objectivos e garantem a assimilação;
  5. os conteúdos: se eles estão bem estruturados, organizados e compreensíveis, se estão a ser devidamente encaixados na experiência e vivências dos alunos;
  6. a avaliação da capacidade de assimilação: se cada momento da aula garante que se continue a progredir seguramente.
 

A aula chegou ao fim. E agora? Para alguns não há nada a assinalar sobre um processo que teve o seu decurso e como se nada tivesse suscitado curiosidade, inquietação, ou tivesse enfrentado alguma irregularidade. Para o bom professor comprometido com a melhoria do trabalho pedagógico chegou a hora de questionar:

 
  1. como foi a aula, ora terminada?
  2. Será que os objectivos foram cumpridos?
  3. Que dificuldades enfrentadas? Como foram superadas?
  4. E as dificuldades não superadas, que tratamento para as próximas aulas?
  5. Que apoio se necessita para superar as dificuldades? Que trabalho complementar?
 

Caro Formando, chegado aqui pense o que você tem feito. E os seus colegas da escola?

 

Quem procede deste modo está a reflectir-sobre-acção. Isto é que permite melhorar a prática docente de ano para ano, e construir uma verdadeira experiência pedagógica. Com base na síntese de várias questões colocadas, você, caro Formando decidirá se continua a trabalhar o conteúdo novo na aula seguinte, ou decide retomar alguns conteúdos ou actividades.

 

Onde anotar todas essas questões sobretudo a síntese (avaliação) da aula leccionada? Para o professor que tem plano de aula, deve ser o local apropriado para fazer as anotações. Ao longo do trimestre, você pode compreender os progressos registados e as estratégias que permitiram superar as dificuldades. Procedendo dessa maneira, você está a pesquisar no ensino, que é o nosso próximo tema na Unidade 3.

   

Tarefas 

 

Caro Formando, depois de você explorar o pequeno texto deve estar a relacionar o conteúdo da lição desta Unidade 2 com determinadas realidades no que diz respeito à atitude de reflexão, o que visivelmente mostra a diferença entre os professores que melhoram continuamente o seu desempenho e o rendimento dos seus alunos, e aqueles que estão agarrados à rotina, cada ano (lectivo) que passa a mediocridade toma conta deles. Praticamente pouca evolução!

 

Outro aspecto importante é que enquanto muitos ou poucos professores são conhecedores profundos das dificuldades dos seus alunos e das condições em que ensinam, buscam continuamente estratégias para superá-las, outros professores são ignorantes dos problemas que os seus alunos encaram.

 
  1. A partir das situações relatadas ou expostas, você tem base para realizar uma tarefa de reflexão sobre o exercício da prática docente reflexiva dos seus colegas, incluindo a sua.
 

Haverá sinais de realização sistemática da prática docente reflexiva na sua escola? Conhece algum (ns) professor (es) ou grupo (s) de disciplina que a exercem como deve ser?

 

E a sua prática reflexiva como tem sido, o nível de profundidade?

 

NB (instrução):                   Para realizar a tarefa você pode observar as aulas de colegas, verifique a sua postura ou atitude reflexiva. Alguns aspectos ou sinais são de professores que interpretam os fenómenos da sala de aula. Se o professor compreendeu que há alunos com dificuldades e os atendeu, ou simplesmente os ignorou!

 

                                                Você, caro Formando, pode verificar quantos professores decidem mudar seus procedimentos no desenrolar da aula à medida que eles apreendem o contexto, reformulam as tarefas em função da dinâmica da aula.

 

                                                Sobre a análise da sua prática docente reflexiva, você pode fazer uma auto-avaliação (auto-reflexão), e para isso coloque-se as seguintes questões:

 

- tenho prestado atenção aos problemas dos alunos?

 

- uma vez percebidos os problemas o que tenho feito? Fico indiferente ou proponho-me agir?

 

- tenho tido ou desenvolvido o hábito de fazer algumas anotações no fim da minha aula? qual é a utilidade dessas anotações?

 

Parâmetros de correcção  

 
  • Argumentação consistente na análise do exercício da prática docente reflexiva a nível da escola;
  • Exemplificação das práticas ou situações concorrentes para uma reflexão docente;
  • Descrição lógica dos aspectos característicos de uma prática reflexiva na análise do trabalho dos professores e do próprio formando.
  

Resumo da Unidade: 

 

O conteúdo da Unidade 2 e as respectivas tarefas práticas (de aplicação), levam-nos a compreender que:

 

A base de quase toda a prática docente reflexiva são as categorias didácticas e todo o trabalho em torno delas;

 

A prática docente reflexiva assenta no questionamento sistemático sobre para que se ensinou e se aprendeu, como se ensinou e se aprendeu, o que se ensinou e se aprendeu, com ajuda de que se ensinou e se aprendeu?

 

O esforço na compreensão dos fenómenos que acontecem na realização do Processo de ensino-aprendizagem resultará numa atitude reflexiva;

 

Uma base importante da prática docente reflexiva é registo do professor sobre o que ele faz e os alunos também, os resultados desse trabalho que podem justificar uma acção de intervenção.

     

Referências bibliográficas

 

Perrenoud, Philippe. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica, Porto Alegre, ARTMED, 2002.

 

Valente, Geilsa S. C./ Viana, Ligia O. Da formação por competências à prática reflexiva – In: http://www.rieoei.org/deloslectores/2423Valente.pdf [acesso: 29.04.13].

 

Veiga, Ilma Passos A. A prática pedagógica do professor de didática, 9. Ed., Campinas, São Paulo, Papirus, 2005.

 

Unidade nº 03

 

Título da Unidade: Prática reflexiva assente na pesquisa no ensino e no desempenho dos intervenientes do Processo de Ensino-Aprendizagem

 

Duração da Unidade: 

  

A Unidade 3 tem duração de oito [08] horas, e você deve saber aproveitar rigorosamente o tempo programado. É preciso ter em conta que as 8 horas podem não ser suficientes para você desenvolver e explorar os conteúdos propostos com muita profundidade. Portanto, de acordo com as suas necessidades e curiosidade você saberá dedicar mais tempo.

 

Introdução da Unidade Temática:

 

 

 

Muitas vezes o trabalho fica quase desprovido de sentido porque acontece como se fosse algo natural, realizado sem interesse e descontextualizado. O primeiro aspecto é que o professor como actor principal deve ter algum interesse por aquilo que faz e expectativas. Além disso, o professor está ao serviço de um grupo (público) beneficiário do seu trabalho. Os beneficiários irão cada vez envolver-se no processo à medida que vêem suas expectativas satisfeitas. Por isso, qualquer aspecto estranho deve ser objecto de questionamento.

 

Questionar se o ensino proporcionado/ providenciado pelo professor vale a pena ou não é uma questão de compromisso e interesse de bem servir. Hoje é frequente deparar com pesquisadores ao serviço de empresas que promovem venda dos seus produtos para conhecer o nível de satisfação dos clientes. Por que não também no ensino?

 

Outra questão tem a ver com a nossa preocupação em relação ao envolvimento dos actores e intervenientes na vida escolar, porque só assim se pode garantir um trabalho de qualidade; por exemplo, a ideia defendida por Brito (1998, p.5) segundo a qual “na escola todos somos gestores” , portanto, “nós, professores, alunos, funcionários, pais, representantes de interesses sócio-económicos, culturais, desportivos e autárquicos” (ibidem, p.5).

 

Portanto, devemos ficar preocupados quando o grupo de reflexão se restringe apenas aos professores, ou seja, apesar de falarmos de prática docente reflexiva não excluímos os restantes actores e construtores do currículo (já mencionados). Por essa razão, entendamos a prática docente reflexiva como assunto de uma escola reflexiva.

 

Então, vamos ao assunto!

  

 

 

 Evidências Requeridas da Unidade Temática: 

 

Apresentação de uma experiência de prática reflexiva conjunta com actores escolares.

 

Lição nº1

 

Título:Prática reflexiva e pesquisa no ensino

  

Introdução à lição:

 

Como é que nós, professores, temos encarado o ensino? Muitos trabalhos de pesquisa na área de ensino questionam a prática transmissiva que teima em perdurar e com muita frequência se assiste em diversas situações de ensino-aprendizagem. Isso é resultado de uma certa lógica de não encarar o ensino como processo com toda a complexidade que lhe é característica. Quem pensa assim nunca verá a necessidade de olhar o ensino como campo de pesquisa.

 

A seguir, trazemos-lhe algumas ideias sugestivas, e você compreenderá melhor o por que se defende uma prática reflexiva como componente de pesquisa no ensino.

  

Tópicos 

 

 

Unidade: 3 Prática reflexiva assente na pesquisa no ensino e no desempenho dos intervenientes do Processo de Ensino-Aprendizagem
Lição 1: Prática reflexiva e pesquisa no ensino 


Lição 2: Reflexão sobre o trabalho docente e sobre a colaboração dos intervenientes no PEA

  

Prática reflexiva e pesquisa no ensino

  

Como você, caro Formando, está a interpretar a preocupação aqui colocada? Os exemplos colocados no início parecem suficientemente esclarecedores. Os exemplos tomados são o de sondagem de opinião de clientela que beneficia de determinados serviços de uma empresa provedora de serviços, e o de complexidade do processo de ensino. Isto é uma questão de atenção quando se reconhece que o trabalho exige muita responsabilidade e muita competência.

 

Na lição 1 da Unidade 2, trouxemos a noção de cerne da prática docente reflexiva referindo o processo de ensino-aprendizagem. Você estará de acordo que pensemos desta maneira? Que fundamentos você tem?

 

A ideia de cerne exprime um conjunto ou uma composição cujos elementos estão unidos entre si (Houaiss, p.679). Na altura apresentamos os elementos em torno dos quais se exerce a prática reflexiva, são essencialmente os elementos didácticos.

 

Eis o exemplo desse conjunto ou composição, incluindo as condições concretas em que se operacionaliza cada um dos elementos constitutivos da composição. Observe o esquema abaixo.

 

 

 



            

Todos esses elementos, incluindo as condições são objecto de pesquisa para o professor saber como lidar com a situação. Por exemplo, a partir de questionamentos, você pode trazer hipóteses de solução.

 

Em que condições os alunos aprendem melhor em relação a outras?

 

Que meios/ recursos optimizam o ensino e facilitam a assimilação dos conteúdos pelos alunos?

 

Quais métodos (estratégias, técnicas) se adequam aos alunos e suas particularidades?

 

Como os alunos aprendem melhor, o que mais gostam de fazer?

 

Como alcançar (facilmente) os objectivos de ensino-aprendizagem?

 

Como planificar e concretizar os conteúdos? E como abordá-los de forma interessante?

 

Como orientar as actividades de ensino? E como conduzir a aprendizagem dos alunos?

 

Que pesquisa se propõe para estes casos?

 

Geralmente, o termo pesquisa tem levado muita gente a pensar apenas nas publicações e o trabalho bastante aturado com recurso a muitas técnicas de pesquisa, um trabalho de processamento de dados com o uso de pacotes informáticos. Não é o caso, para um professor preocupado em melhorar a sua prática pesquisa enquanto ensina.

 

Você pode valer-se do Módulo de Avaliação como factor de promoção de qualidade, onde poderá compreender, por exemplo, que no dia-a-dia na sala de aula, mesmo na escola, há situações que geram preocupações. Um dos exemplos é um conjunto de questões que um professor sempre deve colocar-se.

 
  • Com base na observação muitos fenómenos são captados: alunos com dificuldades, alunos cujo rendimento não melhora, a disciplina que nunca apresenta melhores resultados, etc.
 

Durante as aulas e no decurso do ano, o professor vai observando e registando os fenómenos que ocorrem. Mas atenção: é preciso desenvolver a disciplina e o hábito de registo. De uma forma mais organizada e planificada o professor recorre àquilo que designamos pesquisa-acção. Esse projecto pode e deve envolver mais professores da escola para resolver os problemas “crónicos” da instituição. E você, caro Formando, deve ter essa iniciativa de juntar-se a colegas para levar a cabo acções de pesquisa-acção para melhorar o desempenho não só dos alunos mas também da escola.

 

Você conhece um exemplo de experiência de género em alguma instituição escolar? Então, siga exemplo, ou seja pioneiro nesse tipo de prática. Concorda?

 

Pretendendo desenvolver a pesquisa-acção não faltarão dificuldades, mas você pode contar com o apoio de professores experientes da sua escola ou da Zona de Influência Pedagógica. Ainda, os Técnicos Pedagógicos que visitam a escola podem dar um contributo importante. Interessa é ser ousado e acreditar que você pode!

  

Tarefas 

 

A partir de fenómenos ou problemas dos alunos, você deve “sonhar” num mundo melhor, por exemplo, numa escola de qualidade. O que se pode fazer? Parece difícil passar do sonho e do desejo à acção (Carvalho e Diogo, 1999, p.49). Mas é possível basta ter vontade e atitude de enfrentar desafios.

 
  • A primeira acção sua é identificar os problemas (característicos ou típicos) dos alunos ou da escola, e depois passará à segunda acção.
  • A segunda acção sua é escolher o problema que pretende resolver, e depois desenhar o seu projecto tendo em conta a situação real e a situação desejada.
  • A terceira acção é identificar os protagonistas (Professor, Grupo de Professores, uma Equipa de Professores com Elementos da Comunidade).
 
  1. Ao tomar a iniciativa de levar a cabo um projecto para mudar a vida dos alunos e da escola, você deverá organizar as suas ideias, as suas intenções, preocupações, soluções nesta estrutura:
 

O que me/nos preocupa (TÍTULO do projecto);

 

Qual é o fenómeno em causa? Como vem se manifestando? Quais são as dificuldades práticas, obstáculos, constrangimentos, e qual deve ser a solução possível para superar ou ultrapassar o problema, etc (INTRODUÇÃO);

 

Qual é o conhecimento que se deseja obter para servir de base da acção subsequente (de intervenção), sendo importante o conhecimento da realidade (OBJECTIVOS);

 

Como é que será possível estudar a realidade e obter dados (METODOLOGIA)

 

Qual é o comportamento dos dados recolhidos, o que revelam, de facto? (SISTEMATIZAÇÃO DO ESTUDO);

 

De que maneira devemos agir, como fazê-lo? Quem vai participar e com que responsabilidade? (PLANO DE INTERVENÇÃO);

 

Como vamos ter certeza das mudanças, dos progressos e melhoria da situação? (PLANO DE ACOMPANHEMTO E MONITORIA/ CORRECÇÃO);

 

Terá sido relevante empreender a acção? (CONCLUSÃO/ AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS, SIGNIFICADO DE MUDANÇAS CONSEGUIDAS);

 

Vale a pena continuar, manter ou corrigir? (DECISÕES DE CONTINUIDADE).

 

O ciclo será sempre este, mas cada etapa deve abrir novas perspectivas.

   

Parâmetros de correcção  

 
  • Identificação de um problema relevante que afecta a escola, os alunos ou comunidade (capacidade de concepção de um projecto);
  • Elaboração de um Projecto de intervenção a nível da escola, com todos os passos sugeridos;
  • Clareza na apresentação do projecto e explicitação de cada um dos elementos (passos);
  • Coerência do texto do projecto proposto
     
 

Lição nº2

 

Título:  Reflexão sobre o trabalho docente e sobre a colaboração dos intervenientes no PEA

  

Introdução à lição:

 

O que se pretende com o conteúdo e tópico desta lição?

 

Podemos revisitar a lição 2 da Unidade 1, e retomar a questão para que a prática docente reflexiva? E no Módulo de Avaliação como factor de qualidade, discute-se num dos tópicos a questão de culpar a escola de todos os males. Às vezes, nós, professores, somos culpados e promovemos essa situação.

 

Vamos juntos reflectir!

  

Tópicos 

 

 

Unidade: 3 Prática reflexiva assente na pesquisa no ensino e no desempenho dos intervenientes do Processo de Ensino-Aprendizagem
Lição 1: Prática reflexiva e pesquisa no ensino 


Lição 2: Reflexão sobre o trabalho docente e sobre a colaboração dos intervenientes no PEA

  

Reflexão sobre o trabalho docente e sobre a colaboração dos intervenientes no PEA

  

O primeiro aspecto que tem merecido a atenção dos educadores é o exercício da reflexão no seio dos professores como parte da sua prática pedagógica. Quantas situações conhecidas por si onde essa prática se desenvolve?

 

Retomando o tema/ conteúdo da lição 2 da Unidade 1, é importante ressalvar o factor que justifica a prática reflexiva: as mudanças que ocorrem e geram dinâmicas no sector educacional. Os professores não devem cruzar braços à espera de soluções, ou melhor, de receitas. Eles devem agir prontamente em seus contextos de ensino. Então, cada professor tem de estar ciente perante situações concretas de ensino, e muito mais importante ainda é sentir-se à altura das exigências. Em algumas situações a prática pedagógica dos professores não passa de “faz-de-conta”, não é verdadeiramente uma prática reflexiva, nem um trabalho carregado de sentido, compromisso e responsabilidade. Qual é o seu ponto de vista acerca do assunto?

 

A reflexão sobre o trabalho docente é um exercício profundo de análise do desempenho do professor, a sua capacidade de responder às exigências, as suas competências de lidar as contingências da realidade educacional.

 

Além de questionar a própria prática, o professor deve fazê-lo em relação aos demais actores escolares (que chamamos actores de desenvolvimento curricular, tais como os pais, os alunos, os professores, a comunidade educativa em geral, incluindo representantes de organizações e empresas, etc.). Só assim se pode chamar responsabilidade e solicitá-los a participar na vida da escola.

 

Tudo exige uma acção ousada e iniciativa dos professores! Se na escola nunca aconteceu, você deve ser pioneiro e promotor de iniciativas de género! Vamos experimentar!

  

Tarefas 

 

Caro Formando, denunciamos algumas posturas de professores, que deixam muito a desejar! São exemplo dessa postura os que de estilo faz-de-conta… Com essa postura não se pode revolucionar a prática docente. Muitos ou alguns deles pararam de reflectir, mas a natureza do trabalho exige que “um professor não pare de reflectir a partir do momento que consegue sobreviver na sala de aula, no momento em que consegue entender melhor a sua tarefa” (Perrenoud, 2002, p.43).

  
  1. Avalie de que modo a prática reflexiva tende a ser um exercício permanente na sua escola, analisando a presença ou não se situações ou comportamentos de estilo faz-de-conta.
  

NB (instrução):                   Seguindo atentamente o comportamento dos que são hostis às mudanças, nem querem saber!

 

Observe aqueles que estão pouco interessados em questionar os fenómenos ou processos, ou se mostram “desgastados”, portanto, os que pararam de reflectir!

 

                                                Observe os que têm energia, trazem novas propostas bem pensadas.

 

                                               

 

Parâmetros de correcção  

 
  • Apresentação de uma reflexão consistente, lógica, com exemplos elucidativos do exercício da prática docente reflexiva na escola.
  • Descrição clara de situações que revelem, por um lado, o grupo de professores que pararam de reflectir, e, por outro lado, o grupo de professores que apostam na mudança.
    

Resumo da Unidade: 

 

O conteúdo da Unidade 3 deu para você compreender que:

 

A prática docente reflexiva exige sempre energia para com o trabalho que o professor realiza, energia para pensar, para sonhar, para projectar, para intervir;

 

A prática docente reflexiva implica atitudes, uma das quais é não parar de reflectir, mas ao mesmo tempo, há posturas de estilo faz-de-conta, geralmente dos que já se resignaram a reflectir, também resignados com a situação da sua escola;

 

A prática docente reflexiva deve ser um exercício sistemático, planificado, fundamentado, e apoia-se no trabalho de pesquisa no ensino.

  

Referências bibliográficas

 

Carvalho, Angelina e Diogo, Fernando. Projecto educativo, 3. Ed., Porto, Edições Afrontamento, 1999.

 

Cordoni Júnior. Elaboração e avaliação de projetos em saúde coletiva, Londrina, Eduel, 2005.

 

Perrenoud, Philippe. A prática reflexiva no ofício de professor: profissionalização e razão pedagógica, Porto Alegre, ARTMED, 2002.

  

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.
ESTE SITE FOI CRIADO USANDO